No Domingo, 10 de Agosto, fomos apresentados na Paroquia de Sao Pedro durante a missa. No final da missa estava previsto projectarmos filmes para crianças e adolescentes mas tal nao foi possivel porque faltou a luz. Da parte da tarde saimos em direcçao à Ilha de Moçambique. A ansiedade brotava de todos nos! Paramos em Monapo, vila a 150 Km de Nampula, onde os Irmaos Verbitas nos ofereceram um lanche simpatico. Mais 60 Km e a Ilha surgiu-nos em todo o seu esplendor nocturno. O Indico ali estava banhado pela luz de uma lua em quarto crescente. Nem conseguiamos acreditar! O jantar foi no restaurante "Reliquia"
A Casa dos Monges, na Zona Rex, em Nampula, foi palco de um Retiro com os "Amigos da Companhia Missionaria", cujo tema foi "A Felicidade". Canticos, conferencia, missa e piquenique foram momentos de comunhao. Houve, também, momentos de reflexao individual seguida de partilha entre portugueses e moçambicanos. De todas estas actividades pudemos concluir que a noçao de felicidade varia de pessoa para pessoa e pouco tem a ver com a nacionalidade. Um dia em cheio que permitiu um crescimento pessoal!
No dia 8 de Agosto começou o Atelier de dinamicas de grupo com jovens paroquianos. O dia desenrolou-se de igual forma entre o hospital e a biblioteca passando pela flauta e viola.
O dia 7 de Agosto começou muito cedo para alguns voluntários, um jogo de futebol às 6 da manha obrigou-os a levantarem-se às 5. Perderam o jogo mas vinham felizes! Nessa noite, depois de um longo dia de trabalho, comemoramos 5 aniversários com um jantar alegre e bem recheado. Os trabalhos no hospital, no curso de viola e flauta e na biblioteca continuaram de vento em popa.
Muito trabalho, corpos cansados mas bem alimentados! O pequeno-almoço às 7.30, almoço às 12.30 e jantar às 19.30 horas. O Sol desponta por volta das 4.30 e invade os nossos quartos por volta das 5 da manha. Quando preparamos o nosso alimento matinal ja nos levantamos ha pelo menos uma hora. O bulicio começa ao som do Sol pois as tardes sao pequenas, 17 horas e a noite cai sobre solo Moçambicano. Uma das voluntarias acarinha-nos com os seus pratos que nos fazem lembrar as nossas maes e avos. De vez em quando vamos as compras ao "Shoprite" - supermercado de indianos onde encontramos tudo a bons preços.
O nosso grupo é fantastico, até engenheiros de todas as especialidades trouxe para resolver os problemas do quotidiano. Apesar destes experts, nao temos agua quente e de vez em quando falta a luz. Se nao ha luz, também nao ha agua.
No dia 5 de Agosto tivemos a primeira reuniao com o Irmao Baptista, no Hospital Psiquiatrico, onde definimos a nossa intervençao . Este Hospital situa-se num dos limites da cidade numa zona denominada Faina e acolhe doentes mentais de todo o Norte de Moçambique. A nossa intervençao vai ser ao nivel da cozinha e Ergoterapia. O Irmao Baptista fez-nos uma visita guiada e apresentou-nos o Samuel que sera o nosso cicerone durante a intervençao. Na parte da tarde começou o Curso de Viola e Flauta na Paroquia de Sao Pedro. Os alunos parecem motivados e interessados nesta oferta para poderem ensinar a outros paroquianos. No Centro Cultural os livros começaram a ser catalogados e colocados nos armarios.
No dia 4 de Agosto, as nossas anfitrias mostraram-nos ao longo de 220 Km, paisagens unicas da Provincia de Nampula e da Provincia da Zambézia. Fomos recebidos na missao Nossa Senhora Rainha do Mundo, Alto Molucué, como reis. A simpatia proveniente de padres italianos e voluntarias portuguesas fez-nos sentir em familia. A terra avermelhada, as casas com telhado de palha, os sorrisos das pessoas que cruzavam connosco e nos diziam adeus preencheram esta incursao em terras africanas. A igreja de Murrupula, vila a 90 km de Nampula, surpreendeu pela sua beleza simples.
E o Domingo chegou com uma experiencia inesquecivel para quem vive os rituais catolicos à europeia. No Bairro de Murrapaniwa, a eucaristia é vivida de forma alegre, simples mas de uma intensidade comovente. Os ritmos africanos inundaram uma igreja que foi pequena para tanto carinho e simpatia pelos "mucunhas" (brancos) que de olhar curioso e coraçao aberto receberam estas dadivas. O nosso olhar brilhou durante toda a cerimonia! Apos a eucaristia fizemos jogos e cantamos cançoes com os adolescentes (até aos 17 anos) e jovens (a partir dos 17 anos). O Domingo continuou com surpresas, comida italiana no Copacabana, restaurante favorito das nossas anfitrias. Quem diria que em Nampula poderiamos comer uma excelente Pizza. A aventura continuou na feira de Domingo, sem antes darmos uma espreitadela, por uma frincha, ao jogo de futebol entre "Benfica" e "Sporting". A feira trouxe-nos a possibilidade de comprar "souvenires".
O terceiro dia, 2 de Agosto, em Nampula permitiu-nos conhecer a cultura Macua (Provincia de Nampula) e o seu especialista, Padre Elias Ciscato, italiano em Moçambique desde 1967. O Padre Elias impressiona pelo seu sentido de humor, pela sua paixao na partilha, pelos seus principios humanos que lhe permitiram ter um conhecimento profundo e admiravel da cultura Macua. Impressiona, também, porque aborda a sexualidade de uma forma inesperada para alguém com a sua idade e pelo facto de ser Padre. Com o Padre Elias aprendemos, apesar de alguns estarem no mundo dos "sonhos", que: - a origem do nome do pais esta relacionado com a chegada dos Arabes, por volta de 1200, cujo chefe se chamava "Mussa Bim Bique"; - a cultura é dual, feita de opostos; - a cultura é a herança historica em movimento; - a cultura é uma rede (que nao se ve) de significados que podem ser intuidos nos artefactos (que se veem); - a cultura é "a mastigaçao do mundo que um povo faz"; - na cultura Macua, a rede constroi-se retirando simbologia da natureza; por exemplo se encontramos uma termiteira (formigueiro) é logico ao lado encontarmos uma bananeira, a morte e a vida lado a lado; - na cultura Macua os rituais de iniciaçao à vida sexual sao levados muito a sério e funciona como curso de Educaçao Sexual. Muito interessante! - ... Na parte da tarde tivemos a primeira reuniao de trabalho na Paroquia de S. Pedro para coordenaçao de actividades. Foi decidido proporcionar durante as tardes cursos de viola, flauta e de dinamicas de grupo e aos domingos projectar filmes para crianças e jovens seguido de debate. A parte da manha ficou reservada para a biblioteca e Hospital Psiquiatrico. No final da reuniao tivemos uma boa surpresa pois o Padre Elias "apresentou-nos a sua colecçao de insectos e de rochas. Cativou toda a gente! Somos seus fas incondicionais.
Dormir tendo por companhia um galo excitado é uma experiencia nao aconselhavel para quem precisa de descansar de tantas horas de voo. Logo pela manha entrou uma requisiçao para que o galo fosse para a panela! Um arroz de cabidela africano vinha a calhar! O dia nasce às 5 da manha. Para quem esta habituado a dormir até mais tarde e com pouca luz foi doloroso. Houve gente a acordar as 4 da manha e nao conseguir dormir mais. Ao pequeno-almoço conhecemos o Fausto (o "Dono da Casa"), um Moçambicano muito simpatico que ficou muito feliz por finalmente ter companhia. A casa surpreendeu pela positiva, apesar de nao ter agua quente. A aventura começou quando as crianças da vizinhança nos vieram conhecer. Foto tia! Foto tio! As palavras mais ouvidas durante a manha. Depois de almoço visitamos o Museu Etnografico da cidade e no percurso surgiu-nos um cenario que nos permitiu confrontar preconceitos e testemunhar uma realidade inesperada, diferente. Inesperada porque nao esperavamos tanto lixo nas ruas e nos caminhos; inesperada, também, porque nao esperavamos ver tanta gente nas ruas, dando a sensaçao de cidade com vida propria, habitada, confusa,... Na "viagem" até ao Museu foi-nos dado a conhecer um tipo de mercado inédito - Mercado da Cavalaria. Feira em plena linha do caminho de ferro. Quando o comboio passa tiram as bancas e depois voltam a coloca-las. Nunca visto!
P.S. Uma das fotos foi tirada por volta das 4.30h. O amanhecer visto do quintal da casa.
O dia da partida chegou finalmente!
O coraçao trotava e a cabeça voava!
Alguns partiram do Porto e outros de Lisboa mas o destino era o mesmo, Nampula.
A viagem foi longa, quase 24 horas acima das nuvens e o pensamento no continente africano.
Aterramos em Maputo com um pequeno incidente, a mala do Paulo partiu durante a viagem. Fomos convidados pela Comunidade Dehoniana da Rua de Salvador Allende. O acolhimento foi recheado de frango assado, um delicioso arroz de coco e uma alegria representada nos sorrisos simpaticos dos nossos anfitrioes. Ao retomarmos a viagem uma surpresa nos esperava, a nossa simpatica anfitria em Nampula - Mariolina.
Antes de Nampula, a Beira e a constataçao de que os aeroportos moçambicanos se podem caracterizar por uma dinamica "naif" que se torna interessante pois parece reflectir uma cultura do "vakani vakani"(aos poucos em Macua - lingua falada na Provincia de Nampula).
E finalmente Nampula onde nos esperavam Martina e o Irmao José para nos tranportarem ao nosso lar Dehoniano.
P.S. Estamos a escrever num computador que se recusa a acentuar palavras.
Acompanha-nos nesta viagem até Napipine (ninho da cegonha) - Nampula, enchendo as nossas mochilas com pen drives, iPod, MP3, filmes, documentários, diciopédias, livros de Ciências de Educação e tudo aquilo que achares que precisaremos para tornar possível o nosso projecto/trabalho. Envia-nos, se possível, contactos de pessoas e/ou entidades que nos possam ajudar. Contacta-nos para o e-mail ou para o telemóvel 918766363 e não te esqueças de comentar os post's. Ajuda-nos a "Aprender Para Ensinar"!
.JPG)
.JPG)
